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Não temos, hoje, clareza nem de quando e nem de que por que razões o homem dançou pela primeira vez, no entanto na medida em a arqueologia consegue traduzir as inscrições dos “povos pré-históricos”, ela nos indica a existência da dança como parte integrante de cerimônias religiosas, nos permitindo considerar a possibilidade de que a dança tenha nascido a partir ou de forma concomitante ao nascimento da religião. Foram encontradas gravuras de figuras dançando nas cavernas de Lascaux, na medida em que estes homens usavam estas inscrições para retratar aspectos importantes de seu dia-a-dia e de sua cultura, como os relacionados a caça, a morte e a rituais religiosos, podemos inferir que essas figuras dançantes fizessem parte destes rituais de cunho religioso, básicos para a sociedade de então.
A dança, tal como todas as manifestações artísticas, é fruto da necessidade de expressão do homem, de maneira que seu aparecimento se liga tanto às necessidades mais concretas dos homens quanto àquelas mais subjetivas. Assim, se a arquitetura nasce da necessidade da construção de moradias adequadas e seguras, a dança, provavelmente, veio da necessidade de exprimir a alegria ou de aplacar fúrias dos deuses.
Atualmente, podemos classificar a dança em três formas distintas: a étnica, a folclórica e a teatral. Acredita-se que as danças folclóricas são fruto da migração das danças religiosas de dentro dos templos para as praças públicas. Com esta migração estes ritos que antes eram permitidos só aos iniciados passaram a fazer parte do universo simbólico de uma população cada vez maior, desta maneira estas manifestações religiosas passaram a tomar um caráter de manifestações populares criando, então, um importante progresso na história da dança. Com esta mudança de caráter e com o passar do tempo, a ligação entre estas manifestações e os deuses foi se diluindo, e as danças, primeiramente religiosas hoje aparecem como folclóricas.
Estas danças ao longo do tempo passaram a adquirir “coreografias próprias” de maneira que possuem passos e gestos peculiares a cada uma, com significado próprio e que devem ser respeitados no contexto de cada cerimônia específica.
Devemos lembrar que durante vários séculos grande parte das manifestações de dança era privilégio do sexo masculino, de maneira que com só com o passar dos anos as mulheres passaram a participar ativamente das danças folclóricas. Ainda hoje, em certas regiões da União Soviética, como o Cáucaso, a Ucrânia e as Repúblicas Orientais, existem danças matrimoniais em que as mulheres só tomam parte passivamente: os homens dançam em torno delas, principalmente da noiva, sem que elas esbocem qualquer gesto. Este tipo de dança são claro exemplo do caminho das danças de cunho religioso que com o passar dos anos tomaram um caráter de danças folclóricas.
Também não podemos precisar claramente a origem da dança teatral. Sabemos que no Império Romano ocorriam espetáculos variados em que se apresentavam dançarinos, mas as indicações que temos nos levam a acreditar que suas apresentações se davam em tal formato que hoje as consideraríamos como apresentações circenses com acrobatas e saltimbancos.
Enquanto no Império Romano estas apresentações tinham um caráter circense, na Índia e na China as cortes contavam com os serviços de “escravos-bailarinos” que dançavam com o intuito de distrair os soberanos e da nobreza.
Durante vários séculos, essas manifestações de dança artística, se eram apresentadas apenas para as nobrezas de cada sociedade, apenas com o passar dos anos o povo foi tendo acesso às exibições, transformando-se assim em teatro popular aquilo que até então era privilégio de uma pequena minoria.
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