Chocolate”tentação

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Chocolate” incita a tentação de cada um

Dirigida por Lasse Hallström, Juliette Binoche seduz espectador como a donade uma oficina de doces. Por Renata Saraiva, de São Paulo. 




Os chócólatras que se cuidem. Depois de assistirem a "Chocolate” - filme estrelado por Juhette Bicnoche que chega aos cinemas na sexta, descobrirão que o poder de um pequeno doce de cacau pode ser muito maior do que o simples feitiço do sabor.

Pelo menos é assim no romance homônimo da escritora inglesa Joanne Harris (Editora Record, 300 págs., R$ 28), cuja versão cinematográfica, dirigida pelo norueguês Lasse Hallstrôm ("Regras da Vida” e “Minha Vida de Cachorro”) acaba de receber cinco indicações para o Oscar ( melhor filme, melhor atriz, melhor atriz coadjuvante, com Judi Dench; melhor trilha sonora e melhor roteiro adaptado).

O filme foi recebido com entusiasmo no Festival de Berlim e recebeu quatro indicações para o Globo de Ouro (as mesmas para o Oscar, com exceção de melhor roteiro adaptado).

“A versão cinematográfica é maravilhosa; tem personalidade própria, sem perder o espírito do livro", disse Joanne Harris em entrevista ao Valor. A história criada pela escritora encanta pela ambientação e pela delicadeza da protagonista. Para interpretá-la, Juliette Binoche, cujo próximo trabalho será atuar em “A Ascenção da Virgem", do brasileiro Walter Sanes, visitou dezenas de chocolatarias francesas. 




Estamos em 1959, no vilarejo de Lansquenet, interior da França, cenário mais propício a um conto de fadas. Os moradores parecem ter parado no tempo. Há cem anos, os mesmos hábitos e a rigidez moral de uma comunidade ferrenhamente católica passam por uma verdadeira transformação com a chegada de Vianne Rocher (Juliette ), que no livro é Rochet, e a menina Anouk, sua filha (Victoire Thivisol). A autora revela que se inspirou em sua filha, Anouchka, para criar a personagem.

Vianne, uma andarilha que traz consigo uma tradição familiar ligada à confecção de chocolates, abre uma chocolataria no período da quaresma, quando os habitantes de Lansquenet devem fazer penitência (incluindo o jejum) até o domingo de Páscoa.

Os chocolates produzidos por ela, que também tem o talento de descobrir qual é o tipo preferido de cada pessoa, provocam uma cisão entre os moradores. Armande (Judi Dench) é uma das primeiras a render-se aos seus encantos, preferindo o chocolate quente preparado com "chili" e gengibre ( o predileto também de Joanne Harris ). E Josephine Muscat (Lena Olin) encontra na amizade com Vianne força para romper com o temível marido Serge (Peter Stormare ).

Mas que segredos, afmal, têm essas maravilhas produzidas por Vianne? Cada receita parece trazer à tona os desejos mais recônditos de quem a saboreia. Nada mais tentador em um povoado tão cheio de expiações. "Não é o chocolate que muda a vida dessas pessoas, mas o gesto terno que vem com ele. O chocolate é uma maneira simples de expressar amizade e afeição e nos leva de volta à infância, quando as coisas eram mais simples e os problemas, mais fáceis de ser resolvidos", comenta joanne. Ela arremata: "Vianne talvez seja o que eu gostaria de ser."
Mas não será fácil para Vianne sobreviver em Lansquenet. O prefeito, conde de Reynaud (Alfred Molina ), cuja família detém o poder político da cidade desde quando os huguenotes (protestantes) tentaram Ínvadi-la, empenha-se em manter o discurso, por meio do padre Henri (Hugh O'Conor), de que Vianne é a encamação do demônio. O conde propaga o boicote a seu estabelecimento comercial. E a isso soma-se uma campanha contra a imoralidade, logo após a chegada de um outro grupo de errantes, entre os quais Roux (Johnny Depp) é quem faz que os desejos da fada dos chocolates venham à tona.

No romance de Joanne Harris, o arquiinimigo de Vianne é o próprio padre da cidade, também chamado Reynaud. "Eu não acho que essa mudança tenha prejudicado a história. O importante é que no filme, Reynaud é um homem de poder e autoridade, com uma conexão com a igreja. Alfed Molina fez sua parte muito bem ( e é muito mais agradável no filme! ). Às vezes sinto falta do padre como vilão, mas a Igreja ainda é uma presença forte, por causa do personagem do jovem padre, que por sinal é muito engraçado", diz a escritora. 




Não se pode esperar de um filme como esse a ausência completa de clichês. É assim que uma receita especial de Vianne é capaz de levar um casal de velhos de volta ao calor da paixão de uma lua-de-mel. É também previsível que até o indefecâvel conde acabe por se render aos chocolates de Vianne, em uma cena esfuziantemente dionisíaca. Fórmulas parecidas já foram vistas em filmes como "Festa de Babette" (Gabriel Axel, Dinamarca, 87) e "Como Agua para Chocolate" ( Alfonso Arau, México, 92 ).

Porém, as interpretações de Juliette Binoche e, principalmente, de Judi Dench, que merecia ter levado o Globo de Ouro por esse filme (ela venceu com a minissérie para 1V "Last Of The Blonde Bombshells"), devem levar o público a experimentar uma outra delícia, só que cinematográfica.

"A interpretação de Binoche é perfeita. Desde o começo eu queria que ela fizesse o papel. Ela tem uma presença de cena impressionante e é capaz de incorporar uma grande quantidade de emoções. E ainda adoro a forma como ela se relaciona coma menina -provavelmente é porque ela também é mãe", diz Joanne. Seu próximo livro, "Coastliners", sobre uma pequena comunidade francesa que quer atrair turistas para seu vilarejo, está sendo roteirizado para o cinema pela própria autora.


Uma delícia que, há séculos, acalma e estimula a alma.

Juliana Bianchi
De São Paulo

Brillat-Savarin, considerado um dos maíores filósofos gastronômicos do mundo, considerava o chocolate um elixir da felicidade já no século XVIII. O tempo só serviu para confirmar seu parecer. Não há briga amorosa que resista a uma caixa de bombons ou tristeza que perdure apos se devorar uma barra de chocolate. O poder acalentador e ao mesmo tempo energético das sementes torradas do cacau permeia a vida das pessoas desde o tempo dos astecas, quando uma bebida feita com essa delícia era considerada dos deuses.

"Normalmente a pessoa se apóia no bem-estar produzido pelo chocolate para amenizar carências e ansiedades", explica o doutor em psicologia Nicolau Tadeu Arcaro, acrescentando que, por motivos fisiológicos, as mulheres recorrem mais ao chocolate como fonte de prazer do que os homens.

Se sua ingestão acalma e estimula a alma ao mesmo tempo, sem que isso se tome contraditório – o simples fato de o sentir derreter-se aos poucos na boca já causa sensação de conforto, como a de um abraço carinhoso. "O chocolate consola e acalma, tem uma energia própria", filosofa Ana Paula Moraes, sócia da escola de culinária Atelier Gourmand.

Essa característica lhe rendeu, até mesmo, o título de afrodisíaco, tanto que ele é citado no livro "Afrodite", da escritora chilena Isabel Allende, que discorre sobre receitas e comidas com esse ingrediente. "O chocolate é um alimento quente por natureza e, por isso, qualquer coisa que o utilize terá sex appeal", comenta Moraes. Com base nisso, a empresa de cosméticos britânica Lush criou, há seis anos, barras de massagem hidratantes, óleos, sabonetes líquidos e sais de banho à base de chocolate.

Carinhosamente apelidadas de "barras eróticas", a Choco La La e a After 8:30 – que levam chocolate escuro, manteiga de cacau e óleos de laranja ou menta – são apontadas como opções para passar no corpo e estimular o parceiro a sentir o gostinho do chocolate na pele. E os vendedores garantem que o produto hidrata e suaviza a cútis.

Outra invenção para agradar aos chocólatras é o spa com tratamentos de beleza à base de chocolate. No The Spa at The Hotel Hershey, da conhecida marca de chocolates americana de mesmo nome, pode-se mergulhar numa banheira cheia do líquido marrom ou ser lambuzado de cremes com aroma de cacau e depois "embrulhado" em papel alumínio, como se a pessoa fosse a própria barra de chocolate.

Entretanto, os benefícios da especiaria para a pele são questionáveis. "O cacau é emoliente, amacia a pele, mas sua manteiga entope as glândulas sebáceas", adverte a dermatologista Ana Lúcia Recio. "Pode até ter efeito psicológico, mas isso é frescura para vender mais", completa.

Sim, o efeito psicológico é forte, mas não é necessário ter nenhum distúrbio psicológico para ser viciado em chocolate, diz Arcaro. A grande responsável pela irresistivel atração provocada pelo chocolate tem mesmo base em sua composição química.
Formado por mais de 300 substâncias químicas, entre elas a feniletilamina e a teobromina – esta última também encontrada em grande quantidade no café – o chocolate estimula a produção de serotonina – responsável pelo sentimento de bem-estar típico dos apaixonados. Por esse motivo não é tão difícil se tornar um viciado em chocolate. "O corpo se acostuma a receber o estímulo externo para fabricar a serotonina e reduz a taxa natural dessa substância", explica a nutricionista Anita Sachs, professora da Universidade Federal de São Paulo.

Ainda que não seja dos piores vícios existentes, se você não consegue passar um dia sem chocolate, é bom se cuidar para não chegar ao ponto de contratar seu "chocolatier", como fez a princesa Maria Teresa de Espanha, mulher do rei Luís XIV, a primeira chocólatra de que se tem notícia. Além disso, se ingerido em demasia, o chocolate pode provocar efeitos próximos aos causados pelas anfetaminas e, em situação extrema de consumo, cirrose.

Mas como a imaginação e a curiosidade do homem não têm limite, a utilização dessa especiaria saiu das fôrmas e panelas para se transfonnar em obra de arte pelas mãos do artista plástico Vik Muniz. Sempre trabalhando com objetos do cotidiano, como fios de linha, lixo e terra, Muniz resolveu usar chocolate em calda para desenhar. Imortalizadas em fotos, as imagens criadas já ganharam fama internacional, incluindo uma exposição no Whitney Museum, em Nova York. O artista aponta a conotação sexual relacionada a esse alimento como justificativa para a escolha de sua nova matéria-prima.

Como já dizia Freud, por mais que se negue, o sexo estará sempre guiando os impulsos e vontades humanas, teoria mais uma vez comprovada até mesmo na escolha de um mero tablete de chocolate.

Fonte.: Jornal Valor Econômico, Seção Eu&Cultura, de 14 de fevereiro de 2001.

http://www.chocopp.com.br/curiosidades.asp?codigo=4

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