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EU RECOMENDO !! garfos e colheres historia
Historicamente não há um consenso sobre o surgimento do tal instrumento: se antes ou depois dos objetos cortantes, já que o homem primitivo pode ter feito uso de conchas ou cuias naturais para beber água. Sandro Dias, professor de História da Gastronomia do Centro Universitário Senac, explica também que “os instrumentos côncavos ou convexos já eram possíveis nas primeiras civilizações por meio do desenvolvimento da cerâmica, assim não seria absurdo pensar em colheres de barro há alguns milênios antes da era cristã”.
Sobre facas e garfos, os dados históricos são mais comprovados. Até a era Medieval grande parte da comida era cortada em pedaços ou moída em um almofariz (um tipo de pilão), porque não existia garfo ou qualquer outro sistema simples para que cada um pudesse cortar a carne. O cozinheiro, então, assumia um importante papel e ocupava o lugar mais confortável na cozinha, junto à chaminé, além de ostentar como distintivo uma grande colher de pau usada para provar a sopa e para castigar os irrequietos ajudantes.
Entre os medievais, a faca torna-se um objeto pessoal do nobre. “O dado curioso é que a mesma faca utilizada nas caças, para matar ou extrair os couros, também era utilizada à mesa. Essa prática pouco higiênica, de espetar os alimentos e levá-los à boca, ainda é acompanhada da ação de pegar a comida com a própria mão. Os religiosos, por exemplo, viam o uso do garfo com desconfiança, pois o alimento era sagrado e não poderia ser espetado com um instrumento que se parecia com um estandarte do diabo. Aos poucos, o garfo também é incorporado à mesa, assim como as facas passam a ter suas pontas arredondadas, o que as tornam mais simpáticas e com ares menos belicistas”, explica o professor.
REGRAS DE ETIQUETA
Na corte de Luís XIV, o “Rei Sol” – que governou a França de 1661 até por volta de 1711 – desenvolve-se a cultura cortesã como nova religião do Estado. Em vez de missas, o rei realizava festas na corte com todos os objetos que pudessem marcar a diferença entre o homem cortês e a plebe.
Um deles eram os talheres, que atuavam como um princípio de distinção social. Neste sentido, pouco mudou até os dias de hoje.
As regras de etiqueta no uso dos talheres revelam poder, polidez, civilidade e aceitação entre os mais refinados.
Deixando a História de lado, o fato é que cada talher surgiu com o intuito de facilitar o dia-a-dia e a vida das pessoas, aumentando o prazer em comer. A colher pode ser encontrada atualmente em diferentes formatos e materiais, seguindo tendências na forma de servir. Um exemplo é o serviço chamado “finger food”(comida para pegar com os dedos), febre entre os bufês, no qual servem-se pequenas porções em cumbucas ou em colheres, possibilitando uma degustação prática, simples e também refinada. Nos Estados Unidos, existem estudos para a confecção da “colher inteligente” que, conectada a um computador via wireless, detecta se a quantidade de sal, por exemplo, na comida está adequada. Independente do modelo, cor ou material, a colher, assim como os outros talheres, veio para facilitar a vida e trazer bem-estar. Qualquer semelhança...
Facas, garfos e colheres utilizam um mecanismo tão simples que parecem terem sido inventados em um passado remoto. E foram. Mas seu uso só popularizou-se da maneira como utilizamos hoje durante o século 18. Ou seja, até bem pouco tempo atrás, os participantes de qualquer refeição (desde os almoços triviais até grandes banquetes) usavam as mãos para pegar a comida do prato. A falta de talheres influenciava também o cardápio nas mesas nobres. “Durante os séculos 18 e 19, as pessoas comuns comiam espaguete com as mãos. Quando o garfo foi inventado,
massa virou comida para a realeza também, porque agora eles podiam comer sem perder a dignidade”, diz a americana Linda Stradley, especialista em culinária. Talvez tenha sido por isso que os italianos se interessaram logo por talhares. Já no século 16, eles eram os únicos na Europa que comiam com garfos e facas individuais. Na Inglaterra e França, as mesas só tinham duas ou três facas. Todos serviam-se da mesma travessa, usando as mãos. As sopas eram colocadas em uma mesma tigela, de onde bebiam duas, três ou mais pessoas. Talheres eram tão raros que apareciam em testamentos e garfos chegavam a ser malvistos pela Igreja. “Deus em sua sabedoria deu ao homem garfos naturais – seus dedos. Assim, é um insulto a Ele substituí-los por garfos de metal”, diziam os padres no século 18, segundo James Cross Giblin em From Hand to Mouth (Da Mão à Boca, sem versão em português). Apesar de ter aparecido mais cedo, guardanapos também estiveram de fora das refeições por muitos séculos. Até o ano 1400, mais ou menos, homens e mulheres assoavam o nariz ou limpavam a boca nas próprias mãos. As mesmas mãos que serviam da travessa coletiva.
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